"Eu    sei as tuas obras, porque nem és frio nem quente; oxalá, foras    frio ou quente !
Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei    da minha boca."
                                            (Apocalipse, 3:15-16)
A igreja em Laodicéia é uma das sete destinatárias das cartas que o  apóstolo João escreveu, quando estava preso na Ilha de Patmos (Ap 1.9). 
É bem interessante a similaridade da condição espiritual daquela  igreja, com o quadro que presenciamos em alguns setores da igreja  evangélica brasileira na atualidade. Vejamos:
"Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!" (Ap 3.15)
A mornidão, o casuísmo e a indiferença por um viver cristão autêntico  é percebido claramente na vida de muita gente, e das mais diversas  maneiras.
No campo moral, uma vida de santidade e pureza, tem sido substituída  por  práticas que entristecem o Espírito e comprometem o testemunho  cristão. O relativismo moral pós-moderno invadiu a atual Laodicéia  (Igreja Evangélica Brasileira do início do séc. XXI). A irrelevância da  castidade, a banalização do casamento, a desfiguração da família, a  crise de integridade, os "conchavos" com políticos oportunistas, são  alguns exemplos que podem ser citados. Escândalos se avolumam envolvendo  líderes e membros de igrejas, dentro das mais tradicionais  denominações, promovendo um certo descrédito nas instituições  evangélicas e nos "crentes". Os princípios e referenciais bíblicos são  cada vez mais abandonados, esquecidos e trocados pelas velhas idéias  hedonistas, utilitaristas, pragmáticas e outras semelhantes.
O sexo entre não casados, em muitos lugares, já se tornou normal, na  mesma proporção do divórcio e da infidelidade conjugal. A interação, a  boa convivência e a harmonia familiar foram atingidas pela fragmentação e  descaracterização do modelo familiar bíblico cristão, com os papéis e  as responsabilidades de seus membros norteados.
Líderes, em períodos eletivos, negociam os votos da igreja (sem  conhecimento ou aprovação da mesma).  A política eclesiástica se  transforma em "politicagem santa", em nada devendo ao que acontece nos  ambientes políticos seculares.
No campo espiritual, o prazer de ler a Bíblia, o desejo e a prática  da oração, a busca em ser cheio do Espírito, em servir mais e melhor ao  Senhor, em pregar a sua palavra, em testemunhar de seu poder, é cada vez  mais escasso. Uma vida devocional disciplinada é cada vez mais rara.
A Bíblia, quase que com exclusividade, é lida  durante a liturgia do  culto, e cada vez menos em casa. É também ensinada e estudada em salas  mornas de seminários (com as devidas exceções) por professores e alunos  igualmente mornos, filhos e adeptos  de um academicismo improdutivo,  estéril, arrogante e liberal.
A oração transformou-se numa mera lista de pedidos de bênçãos, num  compromisso formal, num exercício monótono e cansativo. Tornou-se  instrumento das "determinações", "exigências" e de outras malcriações  dos "Filhos do Rei".
A realização do serviço cristão, pelos diversos ministérios, diminui  em quantidade, qualidade e intensidade. A pregação da palavra e o  testemunho bíblico cessam nas ruas, nas praças, nos hospitais, nos  presídios, nas universidades e em outros espaços outrora utilizados. Em  contrapartida, os púlpitos de igrejas são cada vez mais freqüentados por  pregadores profissionais e animadores de auditório.
O culto doméstico,  instrumento poderosíssimo de fortalecimento e  crescimento espiritual, pelas mais diversas razões, cessou, foi banido e  cortado dos lares cristãos.
Diante de tudo isso, se percebe a indiferença, a quietude, o  silêncio, o conformismo, o pessimismo e  a mornidão de muitos que  caminham para a tragédia do "deixa quieto", para a calamidade do "está  bom assim", para fatalidade do "tanto faz", para a morte espiritual,  para a extrema e irremediável apostasia.

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